26/05/2007

Índigo-da-china

Henri Cartier-Bresson, México, 1963

Não tocarei hoje qualquer dos fantasmas disponíveis
da minha cidade privada.


É sábado, foi sábado, houve pouca luz
para tanto pedido.



Anoitece a partir das árvores, agora,
a tinta-da-china alastra ao índigo.



Tudo é rápido.


Do parque escorre ouro e húmus,
húmus e ouro tomam a estrada.



Animais atropelados pontuam o avanço
do marcador.



Desce-se a encosta, o ar cheira
a fumo e a laranjas.



Chamaram-me aqui para
este trabalho.



Deixo-o feito, talvez
os fantasmas venham recolhê-lo.



Caramulo, anoitecer de sábado, 26 de Maio de 2007

1 comentário:

Anónimo disse...

grande poema.

Canzoada Assaltante