A imortalidade é muito tempo.
A mortalidade, também.
A uma e outra contraponho a euforia de um cachorro num lago, num dia de Verão. Um cachorro alegre é mais fácil e menos pesado do que a imortalidade, a mortalidade, a idade.
Um dia de trabalho duro e recompensador também ajuda, quando, à noitinha (a noitinha é o crepúsculo, é o ocaso dos pobres), o corpo recebe a ceia com a alma toda.
Sair um pouco, depois. Há uma brisa morna, um ar que as árvores filtraram primeiro, pouco antes. Aos pés das árvores, alguma água, um carreiro cimentado de lascas, cascas, pedrículas, sulcos que parecem rostos envelhecidos, ou então tentativas que a terra fez para escrever. Mas não são. Não são nada disso. A realidade é mais leve do que isso: a gente não lê.
Gosto de repetir os meus homens antigos nos passeios modernos que há muito tempo (hoje) dou. Se não estou na floresta, estou na praceta empedrada da cidade marítima. O comércio fecha ali mais tarde, faz-se sentir um prolongamento, uma esperança. Se o eu for um homem, há sempre a passagem das mulheres maquilhadas pelo sol do mar. Se for a outra coisa (o espelho de costas: a mulher), tenta-se perceber.
Pode não ser na cidade marítima, pode ser na vila que jaz aos pés da montanha. Aí, então, como sempre, também. De um posto alto, permitir aos olhos que voem, que recolham longe os diamantes pobres das aldeias esmigalhadas no veludo da noite, longe.
Longe de mais para se morrer, para não se morrer, cachorrito.
A mortalidade, também.
A uma e outra contraponho a euforia de um cachorro num lago, num dia de Verão. Um cachorro alegre é mais fácil e menos pesado do que a imortalidade, a mortalidade, a idade.
Um dia de trabalho duro e recompensador também ajuda, quando, à noitinha (a noitinha é o crepúsculo, é o ocaso dos pobres), o corpo recebe a ceia com a alma toda.
Sair um pouco, depois. Há uma brisa morna, um ar que as árvores filtraram primeiro, pouco antes. Aos pés das árvores, alguma água, um carreiro cimentado de lascas, cascas, pedrículas, sulcos que parecem rostos envelhecidos, ou então tentativas que a terra fez para escrever. Mas não são. Não são nada disso. A realidade é mais leve do que isso: a gente não lê.
Gosto de repetir os meus homens antigos nos passeios modernos que há muito tempo (hoje) dou. Se não estou na floresta, estou na praceta empedrada da cidade marítima. O comércio fecha ali mais tarde, faz-se sentir um prolongamento, uma esperança. Se o eu for um homem, há sempre a passagem das mulheres maquilhadas pelo sol do mar. Se for a outra coisa (o espelho de costas: a mulher), tenta-se perceber.
Pode não ser na cidade marítima, pode ser na vila que jaz aos pés da montanha. Aí, então, como sempre, também. De um posto alto, permitir aos olhos que voem, que recolham longe os diamantes pobres das aldeias esmigalhadas no veludo da noite, longe.
Longe de mais para se morrer, para não se morrer, cachorrito.
Palavras: Caramulo, noite de 18 de Maio de 2007
Fotografia: Caramulo, manhã de 15 de Maio de 2007
Fotografia: Caramulo, manhã de 15 de Maio de 2007
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