26/06/2006

Um na Bélgica, Outro em Lisboa

Um tachito de arroz de cenoura,
um prato de rissóis de peixe,
a televisão ligada com o som a zero,
a luz amarela aluando o tecto.

A cadeira bamba para cu algum,
de Mercedes Blasco as memórias em carneira,
o tapete grená sideral de ácaros,
o ronronar branco do frigorífico.

O cesto da lenha esperando o inverno,
cortinas proscénias encenam a noite,
passa na rua o jardineiro da Junta,
ouço-lhe a artrose, a tosse, as navalhas.

É ligar o rádio, esperar as notícias,
grassa lá longe a guerra de Deus,
tenho frio, é Verão, a Lua é de prata,
morreram dois filhos a Mercedes Blasco.



Caramulo, tarde de 26 de Junho de 2006

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Canzoada Assaltante