Voltarei, nesta
Presidenciais, a votar em Manuel de Arriaga.
É-me despiciendo o
facto de o ilustre Terceirense (açoreano da Horta, n. 1840) estar fisicamente
defunto desde 1917 – é no mesmo que voto na mesma.
Quero-me
representado por uma figura de natural humanismo, de cívicas bondade &
benevolência, de regrado carácter, de exemplar sentido de causa & serviço
públicos, de alto empenho na justiça social – e, já agora, panteísta, que era
como chamavam aos ecólogo-ambientalistas quando ainda era preciso meter deuses
ao barulho de rerum natura.
Interessa-me, e
muito, que o mais alto magistrado da Nação não seja um ganancioso
predador-distribuidor de honras, ribaltas, milhões, clientelas & milhões. O
Dr. Manuel de Arriaga não é, seguramente o não foi nem o será, desses. Quando
eleito, foi o primeiro a ocupar o Palácio de Belém – mas (note-se isto muito
bem) por sua conta. O arrendamento de 100 escudos ao mês era satisfeito pelo
bolso dele. Assim como a viatura automóvel que oficializou no cargo: comprou-a
ele, acabando de pagá-la a prestações quando já resignara à Presidência. Sim,
um homem assim interessa-me. Voltarei (sempre) a votar nele. Não tenho feito
outra coisa, aliás. Quando foi do Soares, votei Manuel de Arriaga. Quando foi
do (outro) Sampaio, votei Manuel de Arriaga. Quando foi disto, votei Manuel de
Arriaga. E tenho ganhado sempre, ao contrário do País.
Sabendo-o adversário
tenaz do analfabetismo (o do tempo que foi dele, à volta dos 80%; e o do nosso,
que andará à volta do mesmo, evidenciando-se tal conclusão de uma rápida mirada
às redes ditas sociais), tenho-o por aposta certa & vencedora nestes nossos
tão desdentados dias. Agrada-me, além de tudo o mais, que a sua/dele Lucrécia
não seja de Bórgia mas de Brito – e não do Vaticano mas da Ilha do Pico.
Sim, a minha
cruzinha plebiscitará sem pestanejo o portador do primeiro Bilhete de
Identidade alguma vez emitido pelo novel Registo Civil deste País.
E a quem
eventualmente me acuse de eleger um morto, um fantasma, uma assombração, um
espectro, uma múmia – ouvirá de mim a defesa acusadora de o mesmo terem feito,
em recentes anos, os meus contemporâneos – e por dois mandatos consecutivos.
4 comentários:
Gostaria de votar consigo!
Muitos votos de cada vez!
Genial...
Genial...
Obrigado pela leitura, António.
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