Lembrando Manuel
Dias
A vida não me deu muito tempo para deixar crescer a flor-do-sal
que era a minha amizade com um homem bom chamado Manuel Dias. Deu-se ele ao
trabalho de morrer sem aviso, aqui há umas temporadas. Era um exímio cultor da
Língua Portuguesa, que toda a vida foi o instrumento de trabalho dele.
Jornalista, escritor, exímio narrador oral de episódios da vida, graves uns,
hilariantes outros. Um destes últimos é o que me traz hoje a esta coluna.
Contou-me o Man’el que, de certa vez que um clube
português da bola se deslocou à Grécia para um desafio uefeiro, um muito
conhecido figurão dessa arte do coice e da cabeça que integrava a comitiva foi
a uma “casa-de-tia”, como se diz no
Norte. Era em Atenas. O referido figurão tinha consigo uma apreciável maquia,
como parece ser costume entre os futeboleiros a partir de determinado nível.
Acudindo-lhe ao faro venéreo certa senhora profissional circunstante, chamou o
empregado e perguntou-lhe quanto é que em dólares lhe ficaria o gasto pela
companhia e o doce usufruto da referida. O empregado foi e veio.
“ – Ela diz que são
cem dólares”,
informou.
O cliente nosso protagonista disse assim então ao rapaz:
“ – Diz-lhe que está
bem, mas avisa-a de que eu gosto de bater um bocadito!”
O empregado foi e veio.
“ – Ela quer saber
se o bocadito é muito ou pouco.”
E o figurão:
“ – Diz-lhe que é só
até ela largar os cem dólares.”
Como o nosso jornal vai parar duas semanas para o mais que
merecido descanso do pessoal, resolvi cronicar este episódio hílare em
alternativa às coisas algo macambúzias que aqui costumo plasmar. Mas desde já
aviso que há rabo mal escondido de gato irónico nesta minha prática. Por outras
palavras: vou ser mauzinho. Noutros termos: vou figurar bitaite azedo. De outros
modos: vou-me às canelas da Merkelzita local, aquela que mente que não mente.
A culpa é do meu saudoso Manuel Dias. Fosse ele vivo, que
a história ateniense acima exposta seria rebuçado narrativo de bem melhor
embrulho linguístico. Paciência, hei que ser eu a fazer-lhe as vezes. Ora, que
poderá ter Maria Luís Albuquerque que ver com a anedota helénica? Pelo lado
figurado (e, note-se, devidamente separadas as águas contextuais do prostíbulo
de luxo que deu cenário ao episódio pícaro e caricato dos cem dólares), tem
ela, não muito, mas tudo que ver.
Porque, tal como a mim, já várias vezes terá apetecido ao
meu Leitor bater na agora ministra. Mas, claro, não muito.
Só até ela largar os “swaps”.
2 comentários:
Formamos um gang? ;)
Beijocas e boas férias, Daniel!
Um gang? Formamos pois. Bom sol, Mad.
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