SONETO DA FOTOGRAFIA
Leiria, 1/VIII/2013, quinta-feira
Para
Alfredo Muñoz de Oliveira,
José Freitas,
Tó Vieira
e
Helder Medina
O que a fotografia revela,
depois de revelada, não é
os vivos que ainda o são
ou os mortos quando o não eram.
Não. O que revela a
fotografia é a si mesma: tripé
egoísta que à vida
substitui e tantos veneram
sem no (na) perceber. Não
é (se calhar nunca foi)
a mera distância, em luz e
sombra medida,
que vai do olhar do
fotógrafo à realidade exibida.
É ela mesma e só ela
mesmo, coisa que dói,
pois, sobremaneira,
acentua a vanidade da vida.
Todos aparecemos em alguma
pelo menos;
connosco mesmos em ela e
por ela nos parecemos:
ilusão, como todas vã, que
o esquecimento olvidará.
–Olha o meu Pai! O meu Cão! O meu Avô!
– Não!
– diz Madame La Photo. – Não, eu é que sou.
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