Mocidade portuguesa
A mocidade portuguesa ainda existe. Só que já não é maiúscula e já não anda por aí a fazer a saudação fascista em uniforme meio escuteiro meio soldadinho. Basta-lhe continuar portuguesa para ser minúscula. Ao redigir “mocidade” em vez de “juventude”, sei bem quanto me arrisco a levar ferrete de salazarento. Já aviso que não mereço isso, apesar de ter feito a escola primária toda antes daquele remoto ano em que o Natal também foi a 25 mas de Abril. O meu Pai só comprava castanhas assadas se viessem embrulhadas numa folha do “Avante!”. Por isso, vou continuar a chamar mocidade à mocidade como faz o meu cantor António Calvário.
É uma questão de língua. Portuguesa? Não exactamente. A mocidade de hoje já não fala nem escreve português, mas portuguéssémiésse. Eu axo k s. Vcs axam k n? N tãe mal nenh1. É axim.
Que a mocidade hodierna confunda o Pentecostes com o Pinto da Costa, vá lá. O que já lá não vai, porém, é pensar que só há duas profissões: a de cantor pimba e a de futepimbolista. Por causa do Euro 2004, todas as moças portuguesas querem tornar-se numas flausinas de sucesso como a Nelly Furtado. Já os moços, entre “música” e bola, só admitem duas variantes: ou serem o Mickael Carreira do Manchester United ou o Cristiano Ronaldo do Pavilhão Atlântico.
Sei perfeitamente que tudo isto é execrável paleio de “cota”. Ainda bem. A minha própria mocidade acabou no dia em que troquei os Jethro Tull pelo senhor Johann Sebastian Bach. Quem diz Bach, não escreve Bax. Escreve com maiúscula. Tão haver?
7 comentários:
Ainda há mocidade portuguesa que gosta do João Sebastião Ribeiro, amigo Daniel. Ou então, eu também já não pertenço a essa tal de "mocidade". Mas já no "meu tempo", eu gostava do senhor alemão. E de outros, em especial os do século XX (Bartok, Stravinsky, Mahler...). Mas, como é evidente, as tuas considerações são perfeitamente entendíveis, e é pertinente generalizar a ponto de chamar a esta a "Geração do polegar". O Vicente Jorge Silva chamou à minha de "Geração rasca", mas este epíteto ainda me parece pior. Do polegar... francamente! eheheheheh
Olha, ouvi o teu programa na rádio (fui alertado pelo Filipe, não sabia que o podia ouvir pela Internet), e fiquei maravilhado. Belissimo programa! Gostava de um destes dias participar no programa (é a minha veia de "DJ" a gritar), se me quiseres dar uma prenda (faço anos a 20 de Fevereiro), já sabes... prometo Herberto Hélder, João Gilberto, Tom Waits, Piazzolla, Eliot, sei lá... há uma boa centena de "pérolas" que gostava de mostrar. Fica feito o pedido, que quem não pede, não houve o altíssimo.
De resto, aproveito este meio para te desejar um excelente ano de 2008, e... diz lá à malta da rádio que já não se usa não haver uma caixa de e-mail para a malta poder dar os parabéns no próprio site da rádio! ;)
Abraço,
Nuno Gabriel Oliveira
És sempre, e para sempre, bem-vindo, Nuno. Boa ideia, essa de Fevereiro.
Eu acho que o Nobre também usou o vocábulo mocidade. E não foi por ser saudosista.
Eu sou do tempo dos chefes de quina, dos comandantes de castelo e dos comandantes de bandeira. Aquilo metia respeitinho.
Recentemente, no meu"blog", rememorei os primeiros de Dezembro, em Castelo Branco.Tanto frio!
Abraço,
Manuel
não totalmente pela evidência vivência mas... de acordo. lembras-me a minha e sempre querida e viva felizmente irmã.
afectos
Tou pa ver o ké k vai sair dessa cena dia 20... eh eh... tão a ver amigos.
Meu querido, um abraço para ti directamente de Paris, outro para a Sofia: bjs
Ora se a mocidade de ontem não tinham outras manias semelhantes às de hoje? A maluquice existe sempre, o que mudam são as "pancadas". Então não é que já fomos mesmo jovens?!?
Bjs e votos de um 2008 simplesmente belo!
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