"...y una superficie que parecia huír de los viajeros como agua oscura."
(J.B. Priestley, The Good Companions/Los Buenos Camaradas, tradução argentina de León Mirlas, Editorial Nova, Buenos Aires, 1947, página 117)
Se fores à Pérsia
e voltares
traz-me o perfume
da minha infância.
Se fores a casa de minha Mãe
garante-lhe
que continuo
a respirar.
Se fores à Nau dos Corvos
guarda-me
numa folha de papel
o que puderes de vento.
Se fores a uma casa de pasto
conta-me a história
do comedor
solitário.
Se fores com uma mulher
recorda-me
como era
por favor.
Se fores ao cemitério
anota
cada primeiro nome
cada último dia.
Se fores a Queluz
no dia 7 de Agosto de 1978
impede que morra Ruy Belo
amanhã.
Se fores a casa de Veronica Hamel
diz-lhe
que amo
Joyce Davenport.
Se fores à página 117 de Los Buenos Camaradas
livro que acabou de imprimir-se no dia 12 de Abril de 1947
na Imprenta López - Peru 666 - Buenos Aires
traz-me um copo dessa água obscura.
Se fores a Logo de Deus
diz ao povo
que minha avó Joaquina
não volta entretanto.
Se fores a Portugal
garante-lhe
que lamento
que o lamento tanto.
Se fores à morte
confirma-me se é branca
como a manhã
e a roupa dos médicos.
Se fores à casa-de-banho
não guardes do espelho
o poster
triste.
Se voltares da minha infância
não despejes de novo nela
esse copo de água obscura
amanhã.
e voltares
traz-me o perfume
da minha infância.
Se fores a casa de minha Mãe
garante-lhe
que continuo
a respirar.
Se fores à Nau dos Corvos
guarda-me
numa folha de papel
o que puderes de vento.
Se fores a uma casa de pasto
conta-me a história
do comedor
solitário.
Se fores com uma mulher
recorda-me
como era
por favor.
Se fores ao cemitério
anota
cada primeiro nome
cada último dia.
Se fores a Queluz
no dia 7 de Agosto de 1978
impede que morra Ruy Belo
amanhã.
Se fores a casa de Veronica Hamel
diz-lhe
que amo
Joyce Davenport.
Se fores à página 117 de Los Buenos Camaradas
livro que acabou de imprimir-se no dia 12 de Abril de 1947
na Imprenta López - Peru 666 - Buenos Aires
traz-me um copo dessa água obscura.
Se fores a Logo de Deus
diz ao povo
que minha avó Joaquina
não volta entretanto.
Se fores a Portugal
garante-lhe
que lamento
que o lamento tanto.
Se fores à morte
confirma-me se é branca
como a manhã
e a roupa dos médicos.
Se fores à casa-de-banho
não guardes do espelho
o poster
triste.
Se voltares da minha infância
não despejes de novo nela
esse copo de água obscura
amanhã.
Caramulo, noite de 26 de Agosto de 2006
6 comentários:
Belo, muito belo.
Ó Paulo, ela é que é bela, muito bela...
Sem palavras...deixei de as ter quando te leio, Daniel!
Paula: palavras sempre, para sempre. É tudo o que temos.
Também, também. Se bem me recordo, balada de hill street, certo?
hill street, sim. inesquecível.
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