Que a minha palavra seja
luzidia como uma égua.
Uma égua num campo de água verde.
Que húmido choupal lhe deite sombra.
Que ciganos ladrões a perturbem
com navalhas.
Que um homem comendo laranjas
a leia escrita numa parede.
Que seja parede, a minha palavra.
Total como o dia, rútila como a noite
apedrejada de diamantes.
Que seja sexuada e ame.
Que sobreviva aos bailes de agosto.
("E mais alguma coisa?", volta ele)
Que a minha boca seja de pudim,
e o meu coração-relógio uma bomba,
assim como diamantinos os meus dias
e totais as minhas noites,
acólitas da lua e da memória física,
sedas ao vento sideral estendidas
para agravo do meu amor glauco,
do meu palavroso amor.
E a conta, se faz favor.
Caramulo, tarde de 11 de Agosto de 2006
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