23/04/2017

Ao Sol, Somos de Transparente Nome (republicação)





Ao Sol, Somos de Transparente Nome



Entardenoitecer de 6 de Janeiro de 2009



Ao sol, somos de transparente nome,
também ninguém no-lo pergunta, di-lo
o nosso corpo atirando sombra ao chão
como água preta.
Precisamos de esperar a noite para
que nos seja devolvido o anonimato civil.

Eu agora sei estas coisas de cor a preto-e-branco,
sei porque sei, sei
porque estou vivo ou coisa assim,
tirando o meu corpo.

Sempre fizemos
tanto barulho
em poesia
com o tema do silêncio,
tanto foguete com o da noite,
tanta vozearia bradada a surdos,
tanto pirete à cara dos cegos,
sei que é assim pelos livros que tenho tido e lido e sido,
não sei é porquê,
deve ser daquilo a que se chama a
Condição Humana,
Malraux incluído.

A gente tem de aproveitar o sol, esse foguete perpétuo
que torna tudo agosto e tudo português para sempre,
eu acho que é assim, aproveitar o sol sempre
com o nome todo virado para ele
antes que se faça tarde
e seja noite.









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