Ao Sol, Somos de Transparente Nome
Entardenoitecer de 6 de
Janeiro de 2009
Ao
sol, somos de transparente nome,
também
ninguém no-lo pergunta, di-lo
o
nosso corpo atirando sombra ao chão
como
água preta.
Precisamos
de esperar a noite para
que
nos seja devolvido o anonimato civil.
Eu
agora sei estas coisas de cor a preto-e-branco,
sei
porque sei, sei
porque
estou vivo ou coisa assim,
tirando
o meu corpo.
Sempre
fizemos
tanto
barulho
em
poesia
com
o tema do silêncio,
tanto
foguete com o da noite,
tanta
vozearia bradada a surdos,
tanto
pirete à cara dos cegos,
sei
que é assim pelos livros que tenho tido e lido e sido,
não
sei é porquê,
deve
ser daquilo a que se chama a
Condição
Humana,
Malraux
incluído.
A
gente tem de aproveitar o sol, esse foguete perpétuo
que
torna tudo agosto e tudo português para sempre,
eu
acho que é assim, aproveitar o sol sempre
com
o nome todo virado para ele
antes
que se faça tarde
e
seja noite.
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