56
Leiria, tarde de 11 de Maio de 2013, sábado
Um restolho carbónico de estorninhos ferve nata de sombra
em panorama de
pinhal-barragem, certo dia além do Tempo
em que estou de pé no
esquecimento como um crucifixo
ou um cão dos que aos
donos ardeu a casa toda.
Quais duas jóias de vidro
preto, as moscas zaranzam
no ar parado, o proboscídeo
ar do Verão estancado.
Quando paro para reler a
primeira estrofe do 56,
sorrio à evidência
demonstrável de como
anda um homem a criar uma
folha
ou uma falha
para isto.
Sendo isto
o trabalho dos armadores
de ferro nas casas que começam,
algumas arderão de fogo
vivo, outras do mero mortal Tempo,
príncipes que bordam o
fundamento da cofragem,
um mês entre a Fontela e
Vila Verde trabalhei com eles,
um deles ofereceu-me sopa da
dele,
retribuí-lhe com um pedaço
de queijo-ovelha-cabra,
conversámos na paragem de
almoço,
pertíssimo o Mondego
morria em pura glória,
pura glória é quando
qualquer coisa em ti
se torna atlântica para
sempre, qualquer coisa que,
como todos os do
ferro, que não de ferro, sabemos,
dura pouco.
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