Alô,
alô, aqui Vale da Pinta
“Se
todo o Estado fosse como o Poder local, não teríamos défice.”
Quem isto publicamente cuspiu aos ventos
não foi o maluco cá da aldeia. Foi um adjunto governamental. Para tal risível
figura, a evolução financeira dos municípios é exemplo dos mais laváveis,
perdão, louváveis. E o maluco sou eu, aqui no Vale da Pinta, Cartaxo.
Já não sei, francamente não sei, o que
fazer de tanto palerma.
Ele é o coiso que, perorando sobre ética e deontologia da e na docência, plagia à força toda. Ele é uma tal
Associação Nacional de “Professores” (tem de ser entre aspas, se não vomito) a
dizer mal dos jornais por trazerem o granchar
copy-paste de cueca à mostra.
Ele é os ministérios da “Educação” e da
“Justiça” (aspas, claro) serem, obviamente, citius
muito mal frequentados – mormente nos respectivos topos.
Um é caric(r)ato. Ninguém lhe exija que
faça o que nós, como ex-Povo, há quarenta anos andamos a fazer: demitir-se.
Pois se até o Primeiro veio agora a terreiro dizer que ele foi a sua “melhor escolha para o lugar”…
Quanto ao caos (sim: caos, balbúrdia,
feira-da-ladra, escarcéu, trapalhada, monturo, zaragata, torvelinho, carrossel,
berbicacho, forrobodó, trinta-por-uma-linha) da “Justiça”, tudo está muito bem
também, graçasadeus. Os juízes recebem
setecentos e tais só para subsídio de alojamento mais miles pela “especialização”.
Os funcionários judiciais fazem o favor de levar o coice nos fundilhos,
agradecer a suas senhorias e aloquetar o bico, que a António Maria Cardoso
ainda é no mesmo sítio.
Se todo estes rol & ror de deformidades
desgovernantes não são emanações espectrais do atraso cognitivo, não sei que
raio chamar-lhe alternativamente. Uma pessoa liga em casa o televisor e/ou o
rádio – e é imediatamente sitiada por idiotas mal intencionados de
alfinete-portugalinho na lapela. Na Grécia e na Alemanha, há facínoras presos
por causa daquilo dos submarinos. Aqui, há medalhinhas do Dez de Junho e do
Padre Cruz para os facínoras. O Sporting foi à Alemanha ser roubado à
descarada: poupasse a viagem, que para ser roubado por alemães não é preciso ir
além da taprobana de Caminha.
Eu sei, eu sei: mais com fel escrevo do que
com tinta. Que quereis? Ando com um edema na glândula da amargura. Olho derredor
e não me sossega o que vejo. Acho os cães de rua mais magros. Acho a mocidade
mais burra, mais praxística, mais vã, mais feia. Até os bêbados meus colegas
bebem menos, porra. Pelos jardins deste Verão anacrónico, os velhinhos tossem a
desesperança com uma espécie de fé virada do avesso. Uma espécie de febre
fúnebre amplifica em redondo o Zero nacional. Um caraças de autismo
multitudinário resigna-nos e persigna-nos com férrea inexorabilidade. A
indiferença imbeciliza-nos. Mas o Poder local, diz o tal gnomo de rala barba, é
um espelho lavado a que o Estado deveria barbear-se, comovido e grato por tal e
tão subido exemplo.
Enfim, pior há-de ser falecer.
Ou não.
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