19/08/2011

Rosário Breve nº 220 - in O Ribatejo - www.oribatejo.pt - 18 de Agosto de 2011


João Baeta: um exemplo e uma alegria

Senti uma alegria olímpica ao ler as páginas 4 e 5 da edição passada deste Vosso jornal. Refiro-me ao extraordinário feito levado a cabo (Carvoeiro…) por João Baeta, o (tão) jovem scalabitano que, nadador puro de águas abertas, venceu, no pretérito dia 31 de Julho, os quinze quilómetros de mar entre as Berlengas e Peniche.
O meu saudoso Pai era um incondicional admirador de Baptista Pereira, o glorioso vencedor do Canal da Mancha. Agora, este menino de Santarém pode acalentar esperanças quanto à equiparação com aquele grande nome da por assim dizer silvestre natação portuguesa que o meu Pai tão justamente venerava.
Em tempos e dias de dura crispação como os que vivemos, a glória humilde de João Baeta não precisa de outro louro nem de outro incenso do que os da clara homenagem e do elogio franco ao empenho, à vontade, à planificação, ao desafio, à energia e ao valor por ele tão copiosamente demonstrados bem para lá e além das 5 horas, 24 minutos e 45 segundos de inquebrantável obstinação com que porfiou no mar, vencendo-o. Iguais considerações me merecem os outros dois desafiadores, Miguel Arrobas e Pedro Basílio: não tentar é que é perder, pelo que os meço pela mesma estatura do João.
Quando este menino diz, como disse, “Nunca pensei em desistir”, este menino lava a cara ao acabrunhado País que vamos e vimos sendo há anos de mais. E lava-nos a cara com água do mar, que é a substância volúvel do tempo líquido e a nação verdadeira de Joões Baetas, de Baptistas Pereiras e de todos os Portugueses que sabem que a desistência nunca foi, não é e não será jamais um desporto olímpico.

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Canzoada Assaltante