25/08/2023

H. EM BUSCA DELFIM - 132 - (conclusão)

© DA.




Duas velhotas perfumadas em a minha esplanada.
Uma é Florência; outra é Rosa Encarnada.
A primeira fuma; a segunda, também.
E ambas são avós, pois cada qual foi mãe.

Insisto na oratória solitário-versicular.
É minha a potência do mais silabar.
De menino vim p’ra isto, não hei como o negar.
A terra, afinal, é o mais final lugar.

Desfiz há muito o leito em que, des-feito, me des-deito.
Tornei-me lobo-do-mar-em-terra.
Não me vereis em Paris ou Inglaterra.
Se m’inda derdes esmola, aind’aceito.

Comprei pão propositado às aves.
Espalhei-o esmifrado p’la esplanada.
Duas maravilhosas, chumbo-suaves,
papam minhas migalhas tudo-nada.

Espalhei esmifradamente pão às aves.
Ganhei portanto o dia, a manhã, a noite veniente.
A que pertences, Hermínia? Em que tu cabes?
Quem se não sente, não é boa gente.

À morte condenam cada bebé nascido.
Tal crueldade nos não passa p’la cabeça.
A pulsão é foder quanto apeteça.
Cifra estatística dá o cada falecido.

13h08m: acabei tendo pão-pró-pombas.
Já as alimentei, meu dia ganho.
Eu sei quanto ’inda tenho & quão não tenho.
Eu busco a luz que as trevas desistem em sombras.


 

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Canzoada Assaltante