© DA.
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O urdume das existências não cessa de jogar ao entrelaçadeslaça. A vaga-de-calor destes mais recentes dias fez disparar (para cima) a média da taxa de mortalidade. A torreira solar cava obituários fundos, sobretudo entre os mais anosos & os doentes-crónicos. Acima da média, 238 óbitos, salvo erro.
Também a minha existência não cessa de urdir seus liames & seus desquites. Trabalhei, hoje já, oito horas: das zero às oito. São ora as 8h37m, escrevivo sob as frondosas tílias (Café Danúbio, Rua do Padrão). Até cá, caminhei algo alquebradamente. Sou, afinal, um pré-sexagenário. Não já o viço permanente de outrora me subsidia as passadas.
É aprazível fumar devagar sob tílias munificentes.
Além, o Choupal sobe arvoredo ao céu coimbrão.
Pugno por serenidade de minha mesma condição.
Disfarço rápidos bocejos, coço a barriga, uso lápis dif’rentes.
Às cegas, tacteia-me adentro o ainda-rapaz-em-mim.
(É que a vida volveu betão o que me era jardim.)
Amo sobretudo as aves, suaves d'ares & aragens.
E ver passar os táxis acarretando gentes-bagagens.
Emparelho recordações fixas a vaguíssimos desejos.
Trabalhando de madrugada, sequestrei a quietude.
Posso (& devo) fazer algo mais por a minha saúde.
Não hei-de é lamber botas nem encher cus de beijos.
Não municiei de pão hoje as (minhas) pombas d’alva.
Talvez pela tarde o faça, se & em o podendo.
Alimentá-las é uma coisa-gesto que me salva.
É alegria certa (das poucas que hei) no ir-vivendo.
Vou a páginas 106 deste mesmo manuscrito.
Uma segunda-feira o encetei, foi a 4 de Abril.
Duvido que as páginas dele cheguem a mil
Em certas linhas mais pungentes, ele é mais um manusgrito.
2 comentários:
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https://www.youtube.com/watch?v=htnvqI0bng0
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