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Aquele homem é lento por
causa de uma doença
chamada idade, acontece muito nesta Cidade.
Queimo a boca de roxo com
um cigarro branco.
Apetece-me falar com um
amigo, mas não tenho
saldo no telemóvel, é
quase tudo 96,
na mocidade era diferente,
telefonava-lhes
para casa dos pais, tudo
era fixo,
talvez por isso envelhecer
seja tão móvel
e tão quieto ao mesmo
tempo,
a gente sabe que vai
morrer,
afia um lápis mas sabe que
vai morrer,
abre-se em livro e depois
morre.
Sou muito atento aos ócios
preocupados.
As pessoas filosofam nos
Cafés a propósito
de coisas como o
arroz-doce e o trigo-roxo
e a subserviência e a
carreira e os impostos
mas depois na internet
borram-se todas,
vê-se-lê-se logo que não
sabem escrever.
Eu aqui em Leiria passo
muito à porta
da casa onde viveu o
Eça-Padre-Amaro,
sinto logo muita pena de
mim por causa do naturalismo,
fiz na quarta-feira 49
anos,
coisa que nem o Pessoa nem o Ruy Belo fizeram
mas o Eça sim, o Eça fez tudo em apenas 55, parece mentira.
coisa que nem o Pessoa nem o Ruy Belo fizeram
mas o Eça sim, o Eça fez tudo em apenas 55, parece mentira.
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