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Leiria, 20/III/2013,quarta-feira
Uma volúpia mansa frúi por
mim a manhã clara.
Comboio de nuvens vem
chegando de noroeste.
Alta, uma vivenda aproveita
o sol na cara.
Um dia é o tempo todo – e
tem o dia de ser este.
Fiz-me ontem talvez mal:
vi fotografias antigas.
Senti-me só por dentro no
arrebol da cidade.
Não é que me queime o
coração, isto da idade.
Queima-o sim isto dos
sonetos e das cantigas.
Mas ao fresco de Março a
manhã é fruição,
é gozo barato, mansa
posse, paz-d’alminha.
Não me pertence esta
terra, mas faço-a minha
à fita e à força dos dias
colados a cuspo.
Débil seria não ourejar à
luz, a luz po-
derosa que a tudo aclara e
faz fruir, mansinha.
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