O semanário REGIÃO DE LEIRIA, alegadamente dirigido por uma "jornalista" chamada Patrícia Duarte (que, antes de ter sido chamada para ali, esteve no marketing...) comunicou-me ontem, por télémóbl, que a minha segunda crónica da série Corvos e Pombas não podia ser publicada. Porquê? "Por não estar fundamentada em factos". Eh eh eh eh. Ainda tive a pachorrazita de explicar, até com carinho, à rapariga Duarte que as notícias é que devem ser estruturadas em factos, não as crónicas. Que as notícias se baseiam nos pontos cardiais do Quem, do Quê, do Onde, do Quando e, se possível, do Como e do Porquê. Nada. Permaneceu impermeável, escorada na "deontologia". Coitada da rapariga. Dirige um pasquim de "conteúdos", de modo que quais notícias, né? A história é um bocado para o triste, até porque confirma o grau de idiotia que parece ter-se volvido obrigatório para se ser chefe, para se triunfar, para ir ali ao marketing e voltar depressinha e ser director(a) de uma coisa qualquer. Enfim, a crónica aqui vai. Nota final: todas as semanas, às pontuais sextas-feiras, aqui publicarei uma crónica para o Região de Leiria e para a Patrícia Duarte. Mesmo que eles paguem os cem euros que me devem. TODAS as semanas. De facto. Eh eh eh eh.
Che Guevara na Barosa (ou nos Parceiros)
Aqui há uns anos já largos, habitei, sozinho como um cão de ossos celibatários, uma casa nas cercanias de Leiria. Não me lembro já se esse meu covil ficava nos Parceiros, se na Barosa. Mas recordo com nitidez três coisas.
Uma – a casa era tão pequena e tão estreita, que os ratos tinham de subir ao poster do Che Guevara para eu poder entrar ou sair.
Duas – o pessegueiro do pátio era tão ferrugento e tão melancólico, que a visão dele se me embolava em lágrimas na gorja, esvaziando-me a vontade de viver em corpo e alma ao mesmo tempo.
E três – a senhoria era tão chanfrada da corneta, mas tão, que uma vez até acreditou em mim quando lhe menti que a senhora Odete João e os senhores José Manuel (Carraça da) Silva, José Miguel Medeiros e Carlos André eram mesmo professores. Acreditou, acreditou – juro-vo-lo pelos vossos mais fiéis defuntos.
Sozinho, não deixei porém de ter um razoável espólio de namoradas. Só que eram todas de vidro e tinham todas rolha na boca, pelo que só (me) falavam ou pelo rótulo ou pelo gargalo ou quando se estilhaçavam no chão, tombadas pela hora aziaga da solidão.
Os anos passaram. Passaram os anos e passei eu a outras (p)aragens, o que me não impede hoje, antes favorece, o luxo da nostalgia, esse sentimento que é a marca-de-água, a chancela, o timbre e a insígnia de todo o ser humano. Tão humano, que até a senhora Odete João e os senhores José Manuel (Carraça da) Silva, José Miguel Medeiros e Carlos André o devem ter do tempo em que, de facto professores, ainda nos não azucrinavam a pachorra com tanta vontade de nos servir – ou de se servirem de nós, pendurados no poster do Che Guevara, claro.
27 comentários:
Uma vergonha a necessitar de divulgação.
Este país está uma choldra.
O nosso problema é mais de higiene que de finanças!
Abraço.
JJC
"Mais de higiene que de finanças" - admirável síntese.
Eu sou educadora de infância, uma profissão "de risco" quando esta nossa sociedade - a mesma que contém a directora do Região de Leiria - pretende, à imagem e semelhança do acontecimento relatado, "educar crianças". Isto é, formatar cidadãos, pensares e sentires... A sociedade que já nem sabe bem quem são as crianças, afinal, mas que procura desesperadamente novas "grelhas" de análise dessa preciosidade rara que é a criança (sim, a CRIANÇA e não as crianças) numa última tentativa de redenção da "alma do mundo"... Mas, por enquanto, nada de sério sobre esta matéria acontece.
E é por isso que a directora do Região de Leiria existe. E existe, assim, tal como se apresenta ao mundo em que, AINDA vivemos...
Bolas, ainda bem que não tenho, pelo meu lado de ser lida e "aprovada" pela directora do Região de Leiria!!!!!
Se a tolice pagasse imposto o défice deste país estava óptimo!
Confundir crónica com notícia ou artigo de opinião não lembrava ao diabo..
Um abração
Camarada, ontem andei a correr de um lado para o outro e já não deu para me meter contigo...
Acho que dispensas os meus comentários, não??
Embora ela exista, detesto falar da pobreza, sobretudo mental... É que essa não há alimento que a sustente...
Grande abraço...
Boicote já ao semanário Região de Leiria!
Já comentei no seu Blogue. Não sei se a decisão da "Marketinguista" é mais se menos que ridícula! Abração.
Eu conheço a Odete João, seu bêbado.
eheheh
Boa!
É dar-lhe(s), sans cesse...
Abraço.
Acho lamentável e desprezível. Mas, sinceramente, vindo dela, não me surpreende.
Continua. Sempre.
Beijo
Não desistas não. Isso é mesmo o que a mediocridade pretende. Silenciar mesmo sem saber bem o quê ou o porquê. Força.
É uma tristeza! Só lhes dá a “inteligência” para ensebar os euros do marketing… Não parecem saber distinguir a odontologia da deontologia, quanto mais a diferença de uma crónica de uma notícia mal-amanhada como as que eles escrevem… Coitados, não sabem o que fazem…
Abraço solidário
Claro!
Mas onde estão os recibos da renda, com a morada bem legível, a fotografia dos ratos no poster, as coordenadas do pessegueiro e a declaração da senhoria, com assinatura reconhecida, atestando que lhe mentiste??????
E´ que, meu amigo, só contra fatos é que não há argumentos, como dizia o alfaiate da R. Dr. José Falcão, em Ovar!
E eu, que sou cidadão de A-dos-Negros pergunto: e a que propósito Odete João, Carraça da Silva, Miguel Medeiros e Carlos André?
Estive num seminário, na Instituto Politécnico de Leiria, em que participou esse senhor Carlos André.Este iniciou a seua prelecção dizendo que apenas 35 dos seus alunos faziam as suas cadeiras.Um orgulho vindo de um lambe botas do nazi corrupto Sócrates é revelador.Contunuamos a lutar contra o FASCISMO destes senhores
Desculpa, a dita jornalista censurou esta crónica? Bem, este mundo está louco! Isto quer dizer que, assim, o António Lobo Antunes nunca publicaria nada.
Enfim... é o país que temos...
Grande abraço
Jorge
P.S.
Vou partilhar esta notícia
Há um comentário que removi por causa do anonimato do remetente. Isto há que proteger, que os macacos apodrecem até os bananais.
Só hoje soube da censura e da absolutamente indescritível justificação. Também te devo uma explicação: os meus defuntos jornais morreram por falta de dinheiro o que me fez morrer um bocadinho (ou muito) também. Falta de inteligência e de conhecimentos também tivemos, mas nunca nos deu para confundir o cu com as calças. Acho que o facto de só agora te pedir desculpa por não te ter pedido antes mostra que já vou conseguindo renascer... Obrigada Daniel
vinda do marketing quer dizer, vinda-de-andar-de-joelhos-a-rogar-às-alminhas-que-comprassem-publicidade certo? ... Desse lado nunca veio nada de bom, mas partilho a interrogação de outro camarada ... Mas afinal, que provas é que ela queria?! Abraço Jorge
Não conheço a sinhá directora mas a coisa cheira-me a ressabiamento. Falta d'homem... ;)
Se é para lutar contra o fascismo, contém comigo!
Abraço,
José António Baptista
Caro amigo,
Estavas à espera de quê? Força, que isto só significas que continuas no bom caminho.
Grande abraço.
que se foda a cronica
os 100euros é que fazem falta
Rídiculo! Mas proibir este texto porquê? Porque dizes que os senhores citados não são pofessores? Ou porque são? Não vejo o que é que a deontologia tem a ver com isto... Nem sequer o marketing.
tapor
...bem-vindo ao clube.
Abraço
Zé
...bem-vindo ao clube.
Abraço.
Não entendi a censura. Espero que o fato seja repensado.
Abs
Bel
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