É para morrer mas ainda é cedo
não cessaram de todo as oliveiras
há ainda pessoas ainda há casas
horas para quase tudo sendo tarde
É para viver um dia mas ainda é cedo
um barco na capa do jornal
o natal antecipado mais e mais breve
a infância endurecida na boca
É para outro dia a mesma noite
o vento trata o gelo por tu
será um dia verão teremos sorte
teremos um dia um dia vocês verão.
2. Continuação
Todos nós já fizemos tudo por coisa nenhuma.
Até filhos, versos, serventias, tias, reversos.
Revolvemos universos de espuma.
Temos sido delicadamente perversos.
Somos apenas gente. Assustada e diferente.
Acossada, malograda, nua e inclemente.
Viajamos à mercê da lua milenar.
Tudo nos é possível. Menos continuar.
Coimbra, 20 de Março de 2006
5 comentários:
Bem escrito cumó caneco...
a continuação está de... cortar a respiração!...
E, na maior parte das vezes, quase sempre, o gelo trata o vento por tu...
Talvez
"É para morrer mas ainda é cedo."
assim somos. cada dia a mais.
D.: Só para te dizer que já publicitei o lançamento de Lisboa. Desta não falharei! Prometo! ;-)
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