Vai ser no Bar do Teatro A Barraca, ao Largo de Santos, Lx.
Dia 1 de Maio, pelas 19 horas.
Abraços.
D.
29/04/2006
17/04/2006
Para Penamacor
1. Um Dia
É para morrer mas ainda é cedo
não cessaram de todo as oliveiras
há ainda pessoas ainda há casas
horas para quase tudo sendo tarde
É para viver um dia mas ainda é cedo
um barco na capa do jornal
o natal antecipado mais e mais breve
a infância endurecida na boca
É para outro dia a mesma noite
o vento trata o gelo por tu
será um dia verão teremos sorte
teremos um dia um dia vocês verão.
2. Continuação
Todos nós já fizemos tudo por coisa nenhuma.
Até filhos, versos, serventias, tias, reversos.
Revolvemos universos de espuma.
Temos sido delicadamente perversos.
Somos apenas gente. Assustada e diferente.
Acossada, malograda, nua e inclemente.
Viajamos à mercê da lua milenar.
Tudo nos é possível. Menos continuar.
É para morrer mas ainda é cedo
não cessaram de todo as oliveiras
há ainda pessoas ainda há casas
horas para quase tudo sendo tarde
É para viver um dia mas ainda é cedo
um barco na capa do jornal
o natal antecipado mais e mais breve
a infância endurecida na boca
É para outro dia a mesma noite
o vento trata o gelo por tu
será um dia verão teremos sorte
teremos um dia um dia vocês verão.
2. Continuação
Todos nós já fizemos tudo por coisa nenhuma.
Até filhos, versos, serventias, tias, reversos.
Revolvemos universos de espuma.
Temos sido delicadamente perversos.
Somos apenas gente. Assustada e diferente.
Acossada, malograda, nua e inclemente.
Viajamos à mercê da lua milenar.
Tudo nos é possível. Menos continuar.
Coimbra, 20 de Março de 2006
16/04/2006
O Regresso do Emigrante
À saída do comboio, sentiu que o tempo tinha mudado de espessura. A ausência tinha oxidado os pombos e as palmeiras. O jardim era do esmalte que consubstancia o futuro anterior. No coreto, fantasmas filarmónicos tocavam Roberto Carlos.
Comeu um quarto de frango numa churrasqueira enegrecida. O recepcionista da pensão aceitou-lhe as malas com um gemido artrítico.
De volta ao largo, conferiu a eternidade das mercearias, os jogadores de cartas aposentadas, a sesta dos táxis e a fragrância mortífera da desesperança.
Trinta anos em França. Doze na Alemanha. As mãos dormentes de tanto trabalho. E, agora, o regresso, essa missão impossível. As crianças tinham-se casado. As aldeias eram iguais entre si como requeijões. As pastelarias repetiam-se umas às outras como sonhos feios. Os arquitectos pariam cubos de cimento como galinhas geométricas. Os farmacêuticos aviavam pastilhas contra o problema de ter nascido. E os futebolistas da equipa local eram brasileiros que entristeciam de frio na noite dos cafés cibernéticos.
Ao jantar, na mesma churrasqueira, ainda considerou a possibilidade de voltar para trás: França, Alemanha. Mas decidiu que não, que ficaria.
Que, no próprio dia seguinte, trataria de comprar um táxi ou um baralho de cartas, de modo a poder usufruir, em pleno esmalte, da glória de Roberto Carlos tocado até nunca mais pelos benignos fantasmas da filarmónica de quando isto era vila e ele não tinha partido para sempre.
Comeu um quarto de frango numa churrasqueira enegrecida. O recepcionista da pensão aceitou-lhe as malas com um gemido artrítico.
De volta ao largo, conferiu a eternidade das mercearias, os jogadores de cartas aposentadas, a sesta dos táxis e a fragrância mortífera da desesperança.
Trinta anos em França. Doze na Alemanha. As mãos dormentes de tanto trabalho. E, agora, o regresso, essa missão impossível. As crianças tinham-se casado. As aldeias eram iguais entre si como requeijões. As pastelarias repetiam-se umas às outras como sonhos feios. Os arquitectos pariam cubos de cimento como galinhas geométricas. Os farmacêuticos aviavam pastilhas contra o problema de ter nascido. E os futebolistas da equipa local eram brasileiros que entristeciam de frio na noite dos cafés cibernéticos.
Ao jantar, na mesma churrasqueira, ainda considerou a possibilidade de voltar para trás: França, Alemanha. Mas decidiu que não, que ficaria.
Que, no próprio dia seguinte, trataria de comprar um táxi ou um baralho de cartas, de modo a poder usufruir, em pleno esmalte, da glória de Roberto Carlos tocado até nunca mais pelos benignos fantasmas da filarmónica de quando isto era vila e ele não tinha partido para sempre.
15/04/2006
Bragança
Nunca cá tinha vindo.
Agora vim.
Vi a pedra de que a terra é feita.
Igrejas talhadas a ouro.
Um Cristo nordestino lá dentro.
Um castelo com casas de gente viva.
A comida, forte e nutritiva, serve contra a força do frio.
Faz frio, mesmo a meio abril.
O verde e o castanho ondulam, muito humanos, por quanto é olhar.
Cá vim uma vez, cá espero voltar.
Bragança, noite de 15 de Abril de 2006
(para o Quim Jorge, que hoje completa 43 anos)
Agora vim.
Vi a pedra de que a terra é feita.
Igrejas talhadas a ouro.
Um Cristo nordestino lá dentro.
Um castelo com casas de gente viva.
A comida, forte e nutritiva, serve contra a força do frio.
Faz frio, mesmo a meio abril.
O verde e o castanho ondulam, muito humanos, por quanto é olhar.
Cá vim uma vez, cá espero voltar.
Bragança, noite de 15 de Abril de 2006
(para o Quim Jorge, que hoje completa 43 anos)
10/04/2006
Outro Dia
Livro lançado (fora, dentro), segue-se outro dia com sua dele noite.
Outro vento nos mesmos cedros.
Vi gente.
Isto não pára.
Até que uma noite com sua dela dia.
Caramulo, entardecer de 10 de Abril de 2006
Outro vento nos mesmos cedros.
Vi gente.
Isto não pára.
Até que uma noite com sua dela dia.
Caramulo, entardecer de 10 de Abril de 2006
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