Auto-retrato de José Daniel Abrunheiro
(1948-2023)
VIII
Coimbra,
sábado, 18 de Março
Volantes são as nuvens, firmamento
que meu Irmão não mira, cinza sendo.
Tudo de antes se resume a momento,
nascer não é subir, é ir descendo.
Já se desfez a boca que há cantado.
Já sombra não faz seu corpo nenhum.
Irmãos, eu tive vários – mas houve um
cujo destino se me fez fado.
Era bonito qual rosa morena.
A fala era gentil, mas – atenção! –
até a raiva nele era serena.
E a bondade? Sua mais exímia condição.
E do mais que não digo, por verdade,
ficam perda & amor, estou à vontade.