30/12/2020

VinteVinte - 171 (V-VI)

© DA.  15 de Maio de 2020 




V

padres-américos-padres-cruzes
cruzes-canhoto-por-moto-próprio
ópio-do-povo-ovo-&-galinha
tem-tinha-o-tinhoso-o-porco-sujo
milénio-das-trevas-século-das-luzes
jesuses-maomés-&-mais-aldabraaões
o-diabo-a-quatro-pintando-o-sete
mete-tira-&-põe-aonde-mais-dói
rói-rato-a-rolha-do-rei-raimundo
mundo-do-vírus-&-do-vira-do-minho
cominho-coentro-dentro-manjerona
zona-de-banhos-desenhos-da-mona
casona-gaiato-américo-padre
valha-a-santa-madre-posta-em-vinagre
comadre-parteira-também-alcoviteira
liteira-à-beira-da-verde-azinheira
sem-eira-nem-beira-sequer-litoral
afinal-ri-melhor-quem-ri-ao-final.

        VI

    A Conceição está no restaurante A Estação há 39 anos. A trabalhar, bem-entendido. Veio de Monção e nunca mais lá voltou. Não viu nem houve por cá quem se casasse com ela. Conformou-se. Prefere o turno da noite, que já foi bem mais trabalhoso – desde que fizeram a oeste a auto-estrada, A Estação serve muito menos clientes que fazem vida da rodovia. É dos pouquíssimos estabelecimentos de restauração ainda abertos 24 horas. Há um ano, passou a encerrar ao domingo. De facto, a caixa não fazia para o gasto de luz nesse dia ex-santo.
    Costumo ir ao Estação para beber algum tempo. Tenho lá o meu canto, a minha habituação, o ser tratado pelo meu nome antecedido por senhor: como se fosse o meu Pai a lá ir. Trato por dona a Conceição, coisa que já deveria ter feito logo de início. Desculpe, dona Conceição. 

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Canzoada Assaltante