09/11/2020

VinteVinte - 114 (excerto 1)




114.

 

DO VINTEDEZANOVE

 

 Coimbra, terça-feira, 4 de Agosto de 2020

 

 

Procedo agora à cópia recuperadora de escritos – uns poucos, não muitos – do ano passado, VinteDezanove. Dou-lhes aqui abrigo para que de todo se não percam sem contexto nem lombada.

 



22.6.2019 
Sábado 

(...)


    Certo sábado futuro, acalorado pela violência implacável deste sol ex-português, entristeço como jarra sem flor num boteco destas (ou doutras) cercanias. Pertence-me a literatura possível da hora: aqui onde as prateleiras empinam os objectos & as iguarias. Conservas de pescado, volumes de tabaco, garrafas de humílimos rótulos espirituosos, chocolates prensados a lacre plástico. Deveria, presumo, ser feliz. Tílias farfalham sombra fresca, pardais instauram a pátria constante dos versos que eles por si mesmos são – sim, pardais & tílias consumam a coimbricidade perpétua do meu nascimento: mas e agora?
    Agora, passando vão duas bípedes senhoras de fartos fiambres. Bonitas ainda, fanadas embora. Deixam por rasto um olor a água de flores caducas, dessas que nos cemitérios aguadilham a podridão dos nomes, que a das datas não.

(...)

 


 

Sem comentários:

Canzoada Assaltante