08/04/2021

PARNADA IDEMUNO - 215 & 216

© DA.

215

Quarta-feira,
7 de Abril de 2021

    Neva com intensidade em Munique (Alemanha), cidade a cujas cervejarias costumava ir arengar o então moço Adolf, filho de Alois & Klara. Em Coimbra (Portugal), neve nenhuma – antes pelo contrário, espertou sol toda a jornada. Saí de casa às 16h30m para a visita das quartas-feiras. Trouxe comigo um saco de comida feita de fresco, provisão generosa para duas refeições no mínimo.
    Já a noite se faz senhora desta partida do mundo. Falam na televisão da morte de um político. O Bayern vai perdendo por 0-2 com um clubezeco franciú qualquer. Três mortes covídicas de ontem para hoje, cá. Golo do Bayern.
    Em casa, miúdas minúcias conspiram a interioridade. Os objectos particulares agasalham a dinâmica. Leituras quase acabadas, escolhas a fazer quanto às seguintes. Chá fresco (quente, digo, pois acabado de fazer), bolo com aparas de chocolate, lápis por afiar. O Bayern já empata, cabeça de Müller.
    O jogo acaba com 2-3. Na 2.ª mão, pode ser que o emblema bávaro se desforre. O que por enquanto não acaba, é o serão. Um trecho de música (Vivaldi) adornou o ar da respiração. E assim bem se está como os que o estão.

216

    Elementos do exterior encontram-se neste observatório sem demasiada importância que usa o meu corpo para lhe chamar Eu. Documentários, por exemplo, com sua revisão-da-matéria-dada. Catástrofes humanas, deslizamentos de terras, terramotos que nos deixam sem chão, erupções vulcânicas sem rolha possível, genocídios, deflorestação, ozono esburacado, tráficos de tudo o que seja mau.
    Sopeso tudo isso enquanto trato das minhas coisas. Nem eu resolvo o mundo, nem o mundo tem qualquer mote para dar voltas por mim. Nem guerra lhe movo, nem paz ele me deve.


 

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Canzoada Assaltante