11/10/2010

IDEÁRIO DE COIMBRA - podografias de retorno – 15 - fragmento 12


Como dizer-vos? – Menino, decompus-me em sílabas. Tirando os nascimentos de uma tal Leonor e de uma tal Teresa, não mor alegria vivi que a das sílabas. Era magia, eu tinha seis anos (outra magia), era magia a sílaba, cada sí-la-ba, as letras que as riscavam, atiravam, precipitavam, incitavam, justificavam. O po-pó. O pa-pá. A pi-pa (esta ficou-me para a vida, que o Pai já foi). O pé. Ou então sem ser por sílabas. Digamos grafemas & fonemas, letras & sons, significantes & significados, coisa & coisa e magia e magia. P. ZZ. PRESSA.PREÇO. EÇA, ESSA OUÇO. OSSO.OUSO. USO. SÓ. Maravilha, verdade? Depois, as ilustrações com o porquinho, a ovelhinha, o pastor, a mulher do pastor – e Cristo. (No fundo dos fundos, está o engenheiro agrónomo, sempre católico de vista e vereador por cunha, mas não vale agora nada pensar (n)isso.) Depois (muito depois), as sílabas, límpidas sempre, emaranhando a minha vida.

Sem comentários:

Canzoada Assaltante