18/09/2023

H. EM BUSCA DELFIM - integrais 138 a 140 (17.07.20022)

Foto: © DA.




138

 

Algo amargura aquele homem, ali à segunda mesa, sentido norte-sul.

Ricto ácido lhe engelha a labiação, lhe avinagra o olhar.

A manhã de hoje tem mais cinza do que azul.

Mesmo assim, desentendo daquele homem o esgar.

 

Parece-me, ele, enxuto talvez de mais.

Há talvez muitos anos que não vá em carnavais.

Raio-X de si mesmo, é-lhe árida a ossatura.

Disseram-mo viúvo, talvez daí a amargura.

 

Chama-se Trépido Raul Dovelho Malagueta.

Urra às vezes opiniões que não valem ’ma punheta.

E é comensal daqui vai p’ra trint’anos.

 

Fuma umas cigarrilhas de papelaria preta.

É quase um eremita-estóico-asceta.

Sofrerá, como todos nós, de vis desenganos.


 

139

 

Onde (vida, corpo & tempo, digo) te toquei, perdoa o haja feito.

Desnudámo-nos limpamente: levámo-nos a peito.

 

Hoje, é-me impossível falar-te de outras mulheres.

Não eram elas tu, assim é mesmo & foi, que é que tu queres?


 

(140)

 

(O meu Irmão José Daniel está afinal,

como ele mesmo escreveu,

em seu

horizonte vertical.)

 

 17


 

Sem comentários:

Canzoada Assaltante