154
Vislumbro
a possibilidade mínima de um encontro.
(A
26 de Julho de 2017, liberto enfim, encontrei uma nota de cinquenta euros.)
(É
que nem digo achei – digo: encontrei.)
(Ou:
encontrei-me com uma rica nota de cinquenta euros.)
Encontro?
Reencontro?
Delfim:
a dúvida é quase mirífica.
Ou
sabática.
Ou
– vamos lá – sabática.
155
Sob
as tílias, assimilo a derradeira luz do dia.
Corre-flúi
uma aragem fresca, agradabilíssima.
Nem
sempre é remunerado quem mais porfia.
Verdade.
Mas é que é uma verdade inutilíssima.
Rua
do Padrão, antemão da Avenida Fernão de Magalhães.
19
& 48, vi hora & meia o senhor meu Irmão José.
As
tílias? Firmes, maravilhosas, de pé.
As
famílias? Essas são diversas confusães.
Um
resto de desejo (sei não de quê ou quem) talvez me anime.
Um
rosto por ensejo, claro, bonito, sublime.
Não
sei. Sei que tenho de pegar ofício à meia-noite dada.
Que,
de resto, valem deveras meus sonetos?
Património
que legue a eventuais netos?
Ná.
Nã’ me parece. Decerto nada.
156
O
rosto rubicundo do bebedor na Rua do Padrão: pimentão.
Nada
sei de sua pessoalidade historial, seus proibidos arquivos.
Sei
tão-só que é um dos que ainda vejo vivos.
aqui-Coimbra-Rua-do-Padrão.
É
pelo entardenoitecer: recolhe-se ele já a sua cela.
(De
madrugada, regurgitará uma bílis carmim-amarela.)
Sei
o nome dele, que d’imediato aqui revelo:
Corcel
Vintém Regougo Amarelo.
As
crianças humanas valem a criancice das demais crias?
Tudo
vale, nada perdura – a lição é dura.
Nasceram-te
sem processo-de-instrução: que querias?
A
guerra não é passada, é futura.
O
rosto, de rubis fecundo, do bebedor da Rua do Padrão.
Sim,
é mote de meu poema (de improvável edição).
Ele
há sempre coisa pequenita impedindo-nos de fazer um figurão.
(Digo
eu, que nem ao luar uivo – tão só ão-ão-ão-ão.)
Chamam
nomes-impropérios a estátuas de ex-impérios.
A
estupidez humanóide coincide consigo mesma.
Vai
tudo do foderem-se-uns-aos-outros-+ ou – sérios.
De
resto, fica-tudo-como-a-lesma.
157
Tem
em conta, excelso Delfim que:
Em
anos-verdes, sob este mesmo azul, singrei à bolina.
Tenho
por boa prática o levantar-me cedo, cedo arruar-me.
Consulto
do mundo-próximo os índices, a bibliografia do dia.
Efemérides
pratico também, em constante sarabanda.
Os
anisófilos (vá: os bebedores-de-anis) campeiam, não rareiam.
À
saída do emprego (enquanto um tenho & mantenho), não vacilo.
(Às
vezes, bacilo: mas vacilar é-me menos comum, felizmente.)
Falei
dos bebe-dor: ele há-os muitos & muito.
O
calor descasca o mulherio, belas peças-de-fruta carnívora.
Em
anos-verdes, sob este mesmo azul, sangrei a menina-víbora.
Em
anos-rosa, través este mesmo branco, instaurei-me rotina.
Desde
menino que padeço da atenção toda ao palavreado.
Outra
coisa não tenho feito: escrevo no ar o que o ar me ouve.
Este
é o destin’itinerário-senda que me coube.
O
levíssimo insecto pousa em esta página mesma, lêde-o Vós.
Içou
voo, dissipa-se na transparência cristalina da matina.
Faço
como sempre fez Borodino Manchego Refalde Tamizes: subvivo.
Faço
como nunca fez Peralta Damurça Sarmento Corvo: completo 58.
Nada
pode interessar-Vos eu ter amado Serôdia Rivelino Fragide Colcheia.
(A
história com esta senhora não foi linda nem foi feia.)
Formalmente,
sigo mostrando-me de atavio pouco repreensível.
Não
é que ao humano mundo alheio interesse o que pareço de óculos.
Trata-se
de uma questão de higiene-básica (a mental incluída).
De
sítios & instantes que não lembram ao Diabo, lembro-me eu.
Abeirei
precipícios que eram afinal tocas-de-grilo, não mais.
Tenho
conhecido gente válida, certificada, pronta, em-vivo.
(Conheço
também da outra, a neutra, a sem-singularidade.)
Tudo
isto não passa de, digamos, singularidades-de-um-rapaz-moreno.
Para
quando a grande opereta-bufa de meu enterro?
Seja
quando for, será protagonismo que não erro.
Amortalho
antecipações sofríveis que só fazem sofrer.
Reciclo
emoções perigosas em prol da sanidade possível.
Adentro
mais & mais a condição (o estatuto, id est) de estar-de/por-fora.
Da
honestidade & da hombridade paterherdadas, nada titubeia.
Remiro
as fotografias de meus consanguíneos, deito contas aos anos.
O
meu primo-direito Cardito Richa Bispovala Dearte, hepático, f. 1994.
A
minha tia-avó Magda Colchete Reveles Queluz, tísica, f. 1965.
Esmifro
pão ante pombas que mais me sabem do que os meus Leitores, se alguns.
(Ainda
esta manhã o fiz, em dois lances da R.ª de Fora de Portas, FF.)
Em
anos-carmim, chamei a mim dores necessitadas de mor siso.
Frugal,
temporizado, pobrete, crisóstomo, facundo.
Tempestivo,
revoluteador, ávido, seráfico, onanista.
Dez
adjectivos que à medida alfaiatam este H. em Busca etc.
Mais
outros tantos; fragilíneo, voraz, topómano, úrico, único,
frutívoro,
furtivo, ornitófilo, xadrezante, literaferido.
Deram-se-me
já as 9h37m da quarta-feira, vou-me ao Gatito.
Subo
a pino-prumo a ladeira do Monte Formoso, não-é-p’ra-todos.
A
Cristina doou-me comida completa, minha porção do dia.
O
meu Irmão José D. falou-me ontem pelo olhar, não minto.
Em
anos-bolina, sob este mesmo verde, azulei quanto pude.
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