27/09/2022

H. EM BUSCA DELFIM - 118 (quarta & derradeira parte)

 

Saúdo em ti, bom Bernardães, futuro.

Leitandré, não sejas mole nem duro.

Mishima, que tolice-imperatrice

Te confundiu o Gato com Alice?

 

Antão Curafez Ântua de Bogalho

Anda à procura de um qualquer trabalho.

(Marga Cónego Quadros de Salgueiro

É invenção de Daniel Abrunheiro.)

 

Já o Braz Magiar (que é Cipriano)

Miralda em frente o Ante-Oceano.

É fidalguia isto: ser um tão-pobre.

O neo-realismo é todo sobre.

 

José de Braçadeira Bem-Clemente

Connosco se parece, qual fôra gente.

Já Genésio Capim Cotrim de Estêva,

Esse é de má-raça, não se atreva.

 

Raia-frita-com-batata-&-grêlo:

Menos vale o bem-ser q’o parecê-lo.

Eu ando a tostões, que não sou de notas:

E como notas, de versos idiotas.

 

Estêva Savana Maranho Zorro:

Pergunta-m’ à Mãe s’inda vivo ou morro.

Ó Valcolmeias Zimbre da açucena:

Pergunta se a gasolina val’ a pena.

 

“Chegou-à-caixa-de-correio” – diz a voz-off.

Liga-se sem esperança de retorno.

(Oxalá que ainda de mim precisem:

Que lhes direi ponta de outro, outro corno.)

 

Hoje ligo-me a vozes gravadas.

É internet-tempo-p’rò-digital.

(Nos ossários, estarão – ou não – ossadas.

E do Algarve p’ra cima, Portugal.)

 

Perempta Bemposta Augusta de Açucena,

Pequena & morena radiosa.

Tenho 58: e é chance micropequena

Ela vir ’inda a ser a minha rosa.

 

E tenho desbaratado horas

Num ofício anacrónico às ervas.

Recebo em pão, sal, merda & conservas,

Mas queimo mais adentros do que aforas.

 

“Salutogénico”, termo que timbra:

& que li hoje em o Diário de Coimbra.

Telemado Goraz Gafa Briteira

Preside a uma mina cimenteira.

 

E Luzieiro Estaca de Casilho

Já teve uma mulher, co-fez um filho.

E Casenho-Zé Emendo de Valéria,

Quando falou com Sofia, q’tal foi à séria.

 

(Não posso obstar à vulgaridade das doenças.)

(Tive agora um trabalho, King, que nem sonhas nem pensas.)

(Ele é a didascália. Ele é a maravilhosa Amália.)

(Ele é farol-fanal, Portugal – & zero-de-família.)

 

Dalmires Ressalvo Puerim de Celgas

Tem uma janela aberta por onde entram as melgas.

Pandora Pauleta, o que é que tu queres?

Eu quero Plotino, que controla as mulheres.

 

Bonanza, Galeto, Plotino da Costa?

Pedir a um Amigo não dá sempre à costa.

Pedir uns tostões, um telefonema.

Trocava os colhões por um bom poema.

 

(Trocaria? Nada!: não iria ser castrado

Por dois versos bons em poema rimado.)

Cerúlea Quarenta Lá-do-Cuco-Sério:

Dá-me duas rosas para o nosso cemitério.



 

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Canzoada Assaltante