27/03/2020

VinteVinte - 9




9.

POR DE JUSTIÇA

Coimbra, sábado, 1 de Fevereiro de 2020



Em idêntica data se começou gerando a concórdia,
a íntima concórdia do velho que é com o rapaz que foi,
ex-menino de uma pureza mesm’assim clarividente,
isto é dito assim por de justiça ser ainda.

Os cacos mortuários deixam por rastos os amados rostos,
o mais assisado é pagar a quota, ser cowboy crepuscular,
desfazer-se no poente a cavalo da orfandade, adeus,
comprar uma raspadinha, apostar no cálice duma vez por todas.

Refira-se em cifra o amor recebido,
o dadivoso amor incondicional da primícia,
o amor dos Velhos, quási-quase caso-de-polícia,
esse amor tido, havido, recebido & sido.

Fora de cada corpo, o cosmos parece estrangeiro,
muito vale o egoísmo autoconcentracionário,
tretas & baldrocas de judeias mecas & calvários
não valem terço de cálice por inteiro.

Agora este amor vive na minha roupa náufraga,
posso versos sem esforço mas também sem corça:
venatório sou só do que me sufraga,
assim o sábado ’inda me dê força.

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Canzoada Assaltante