28/12/2010

IDEÁRIO DE COIMBRA - podografias de retorno – 137

137. RECONHEÇO NO RUMOR DA FONTE A GRAVAÇÃO DA CHUVA
Coimbra, segunda-feira, 27 de Dezembro de 2010


Reconheço no rumor da fonte a gravação da chuva.
Sinto-me um homem-apenas ao ar-vidro da manhã.
Discorro com alguma segurança sobre vidas férreas e viárias.
Não sinto discordância quanto aos amores estéreis.
E alimento na sombra os animais memoriais.


E que tipo de nome deixo às agonias precoces?
E por que motivo prefiro os salgados aos doces?
Onde as senhorinhas esquinam fatos vermelhos,
aí eu, tomado o café, cirando sombras de púrpura.
É uma espécie de pureza diamantina, à época.


À superfície da consciência, o pélago primevo da ideia,
o Arco Pintado (ou o Arco do Cego, dá o mesmo), o corpo
entre cidades-ilhas que se des-re-fazem na névoa,
tal o molhado musgo dos primeiros anos, quando
respirar não vinha com tabaco nem café.

Sem comentários:

Canzoada Assaltante