03/12/2010

Ideário de Coimbra - 112 - Coimbra, sexta-feira, 5 de Novembro de 2010 - fragmento 5



Ou então o FMI, essa surda avantesma que mereceu a José Mário Branco a alucinante noite de há tantos anos na Voz do Operário. Ou então o senhor Ramos, rapaz de seus sessenta e picos anos, agasalhado de bombazina e tomador de ginjinhas introspectivas na demão das manhãs faça-chuva-faça-sol. Também gosto dele, até porque o imagino e ele é outros nomes, outras concretas realizações que não preciso de ver-ou-haver-para-ter. O senhor Ramos, coitado, morreu-lhe um filho na tropa, não sei se na Escola Prática de Infantaria (Mafra), se nalguma das desoladas paradas de Santa Margarida. Duas décadas, a passar, passaram já do funesto acontecimento, mas a senhora Ramos continua fechada em casa, entre círios e pagelas, sofrendo a memória e a impotência ante os estranhos desígnios de Deus. De modo que o senhor Ramos & os copinhos de ginjinha, que o que é doce nunca amargou. Cresço, peitoral e fátuo, para as onze da manhã (10h36m) e não tenho medo de quase nada nem de quase ninguém. A vida é bela sozinha, não precisa de mim para nada.

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Canzoada Assaltante