28/03/2022

REGISTOS CIVIS - 107

© DA.


Signos - 107

                      




    Começou hoje, Terça-22-do-3, impondo-se-me a criação de uma narrativa nova com a preeminência & a predominância de dois nomes masculinos: Hermínio, um; Delfim, outro. Talvez estes Registos Civis tenham de dar vez & lugar ao novel projecto. Ainda (me) não decidi.
    Enquanto não, meteorologizo: dia invernal em plena Primavera já oficial, hoje. De uma maquineta audiovisual, chega-me em manação todo um cardápio de vocábulos mais ou menos ligados entre si: segurança/status/autoestima/associação/poder. Outros: deserção/filiação/integração/ideia/mochila.
    Esta atenção aos signos nunca me desampara a loja. Pode ser que, (se) chegado à velhice, venha a desamparar-me-la. Não sei – mas julgo tempo estragado pôr-me agora a pensar em tal. Se algo conheço, é por/com/de/em signos. Mais: se algo me conheço, é em/de/com/por signos.
    Na mocidade universitária, estudei umas quantas coisas de semiologia/semiótica. Mal me fez nenhum. Naquele tempo, idade & novidade eram-me sinónimos. (Ou signónimos, para trocadilhar um bocadito.)
    Hermínio & Delfim – dizia-Vos. É cá uma ideia. Uma possibilidade. E até: uma probabilidade. Hermínio relata coisas a Delfim: actos/factos/gajas//datas/hábitos/óbitos/etc. Delfim faz de compère/mudo – mas atenção & cautela: o seu silêncio é de forte compleição retórica. (Tenho de ver como conseguir tal tácita coisa, é desafio giro.)
    Outras coisas em necessidade-de-consecução:

Alguma palavra-justa quando, justamente,
mais falta faz a um pobre-de-deus-&-de-espírito.
Alguma doutrina pessoal capaz de resistir ao vento
de inânias de “amigos” afinal imigos.

O teu rosto sobre um corpo que já não frequento:
se bem me entendes, ou te recordas, ou não negas.
Ali à beira da vivenda cor-de-rosa do engenheiro,
no pátio da que rodavam os ranchos & os tristes.

De não somenos importância: validade da pers’ex’istência,
obstinação, pertinácia, vontade-de-viver-apesar-de.
Não é mentira, isso da dor-crónica – não é.
Mas ajuda não nos expormos a dentadas ou sordícies.

Toda a tarde hei por frente nenhuma fronte
– ou, sequer, fonte. Hei a vida teimando recorrências,
ipsilateralidades, (in)constâncias & (in)certezas.
Mas como disse – tudo signos, signos tudo, tudo

por-quem-os-signos-dobram.




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Canzoada Assaltante