14/09/2012

E então, na manhã de quinta-feira, 6 de Setembro de 2012...

A Virginia não veio a 6 mas veio ontem e hoje também.






SER A POMBA

Leiria, manhã de quinta-feira, 6 de Setembro de 2012

Ser é ter-se. Enquanto isso, proceder em posse (dos latinos sum e possum). Não tarda, é tarde. Por enquanto, é tarde de menos. Espero o jornal do dia. Espero a pomba da manhã, também. Vou-me cinematop’screvendo as telas móveis da quinta-feira: as páginas vivas que permito confisquem a minha vida. Os combustíveis iniciais são: café, leite, chocolate, tabaco. Arranque feliz: na Rita, sou o primeiro a dispor do jornal. Os topónimos portugueses põem-se logo a fervilhar ocorrências, a zunir ourivesarias, a vibrar mulheres mortas por ex-gajos, a crepitar incêndios, a sussurrar lixos socialites, a zumbir esticões de pescoço, a zoar troikas, a ciciar bebedeiras – tudo numa áscua repercucientíssima que me desvanece & encanta. Muito gosto eu dos espécimes de tal pueril colecção (puerilidade minha, que não rejeito nem combato). Quereis ver? Ler? Ser (&ter)? digamos:

ALMACEDA (Castelo Branco), BIRRE (Cascais), CÊTE (Paredes), DEMÓ (Porto de Mós), ESTARÁ LÁ (Caldas da Rainha), FILHA BOA (Carvoeira), GRAVE (São Pedro do Sul), HOSPÍCIO (Azeitão), IMAGINÁRIO (Caldas da Rainha), JUZO (Cascais), LAJES (Coimbra), MUNDÃO (Viseu), NOGUEIRA (Cinfães), ODECEIXE (Aljezur), PENTEADO (Moita), QUINTA DE VALE DE VENTOS (Caldas da Rainha), RUNA (Torres Vedras), SAPATARIA (Sobral de Monte Agraço), TAVAREDE (Figueira da Foz), URQUEIRA (Ourém), VERIM (Póvoa de Lanhoso), (sempre o problema do X, não me tem aparecido lugar assim iniciado), e ZIBREIRA (Torres Novas).

(Nos entrementes, acabo de redigir uma palestra encomendada por um amigo que, domingo próximo, na sua qualidade de presidente da associação-cultural-desportiva-recreativa da terrinha local, recebe “entidades” num certame local. Quis pagar-me dez euros pelo frete, que indeferi auferir em resgate de um cálice de doce pré-prandial, 11h29m que são já elas.)

11h30m da quinta-feira, 6 de Setembro de 2012 – o futuro era isto, que à hora de alguma leitura o já não é. Também a aurora (aura, hora) lá vai – irresgatável qual vermute tomado. Um cão alvodourado sonolesce na galeria da Rita, aos pés da velha dona. Além, um careca raybânico à Tom Cruise sem mota nem caça-a-jacto folheia as rosas paginadas do Correio da Manhã. Leiria acontece como um dédalo resignado de ariadnes.      
A pomba da manhã não veio.
Fez-se tarde. 

Sem comentários:

Canzoada Assaltante