03/01/2010

UM GAJO SOZINHO EM CAFÉS DE PROVÍNCIA - IV


© William Eggleston – Red Ceiling – Greenwood, Mississippi (1973)



IV



Louriçal, Café Sol Dourado, tarde de 2 de Novembro de 2009


Ele cresce diagonalmente, sobretudo depois de falar com octogenários sobre o cair-das-folhas, sobre o ser dia-de-todos-os-santos.


FINALMENTE UMA FORMA

, diz-se ele a si mesmo próprio em especial, consultando nada especial. Passam pessoas graves como pássaros, ao ar da terra também grave. A rapariga de camisola tão roxa quão o Senhor-dos-Passos. Aquele divorciado a quem proferem esta expressão:


OLHA, VAI ALI O HOMEM DA TUA MULHER!

O rapaz de brinco luzindo madrepérola ao lóbulo esquerdo. A passagem do tempo também no corpo dos porcos. O lóbulo esquerdo do rapaz substanciando isto da globalização, da mudança de paradigma, de isto disto ser tudo moderno, de quase ninguém assegurar já a correcta locução em língua portuguesa. O professor de música que passa enroupado de flanela em padrão escocês. A senhora freira procurando uma chave neste café mesmo, pedindo por Pedro.

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Canzoada Assaltante