03/12/2011

ROSÁRIO DE ISABEL E DINIS seguido de OUTRAS FLORAÇÕES POR ESCRITO (trechos finais da entrada n.º 55, datada de Leiria, 4ª feira, 22 de Junho de 2011)

Em levitante translação, aguardo a minha estrela no perveniente veludo da noite. Enquanto não, o azul da manhã fez-se tarde – e uma demorada insolação esprai’alteia-se em campânul’abóbada. Céu de Portugal, Junho de Portugal: esplendor cromático, (f)estival. Sonhei com a Montanha, com a Raposa, com a Laranjeira viva de sentinela ao defunto casario dos Emigrados. Portugal acontece-me muito. Moços rapazes bicicletam-se sem metafísica nem anfetaminas pelas ribeiras-páginas-de-guarda do Lis. Matronas-pé-de-vaca-com-grão-de-bico escarram com discrição oratórias excreções anti-genros. Um “stândér” de automóveis espera patos-bravos pró-BMWs. Num talho, os enchidos auroram paradamente em colorau boreal. Portugal, Portugal, Portugal: nascermos-te não nos faz bem, morrer-te-nos faz-nos mal.

Não só ao sol devo
estar só, ao sol. 

Delidas infantas no tule dos séculos
propagandeiam, da feminil condição,
as carnes, as gomas, urzes e tubérculos
e coisas mais tristes do pé para a mão.

De centro e arredores da vida económica hei sempre sido.
Da vívida vida, não – que a tenho vivido.

Ouvido a um bilharista:

– Não tenho sorte nenhuma. Quando a tenho, estrago-a.

Outro bilharista, a propósito:

– Juro que sim, pela saúde do meu cão.

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Canzoada Assaltante