14/12/2011

Chávena de café vista de cima com olho de telemóvel




Como seriam as conversas entrecruzadas dos antigamentes? Dois feirantes medievos. Dois caixeiros republicanos em 1898, Lisboa. Uma mulher na fonte com outras duas, século XVII. Ou no Café da Rosa, Leiria, terça-feira, 5 de Julho de 2011:

– Agora não pinga
– Coitadinho é quem precisa
– O gajo, o Ricardo
– Esta mariàmélia que lá vai
– Não é assim, tem de ’tar um cheio
– Tem de ter mais capacidade
– Varões metálicos, há muitos, só de capacete
– Só que ela trabalha ali onde está o trambolho
– Entrei por trás, pela parte da igreja
– Ela falou em oitocentuzónovecentos
– Mesmo que seja ao mês
– Sem teiquezaùêis nenhuns é só pequenalmoço
– Até fiquei azul
– Se calhar são mil&quinhentos
– Uma coisinha bruta, meu, ela mostrou-ma
– O senhor está bem?, moi je n’ai pas faim
– Salvem mas é as gordurinhas
– Percebo onde quero chegar
– Um gajo nunca tem problemas, não é?
– Um gajo nunca está bêbado, o macadame
– Olha lá, meu caga-tacos do caralho
– Seu-quero problemas, arranjo-os já
– Arranjuzá
– Já ’tás a pôr exigências?
– É assim à Lagardère
(Venham as balizas e o Inverno
Venha à pele o que for terno
Eu não tenho, é mortalhas
Mais t’enterras se trabalhas)
– Bem!
– Lixo
– Visual
– S’ ele fosse mas era c’o caralho
– Cop’América
– Trazesmuma-água?
– Corpo, cor, pó
– Da altura dos anjos, nada a fazer
– O Protocolo
– Emanações de Espanha
– Sinceramente, não sabemos
– Com respeito ao jogo
– Um homem experiente
– Matrix
– Emirados Árabes Unidos
– Súbito óbito súbdito por hábito édito
– Ó patrão, posso?
– Impassível e impossível
– Nunca sair daqui
– Nunca sair disto
– Ó Guarda, então não tinha?
– Tinha
– Um dia a energia acaba-se
(Os livros que agora sublinho – uma Voz Aqui Dentro mo pergunta – serão (re)lidos por mim por minha gente?)
– Depois há ocasiões em que as pessoas imaginam coisas
– Vinho rápido-do (do-do-do, dá-dá-dá) lado-direito
– O blusão era para a outra
– Era para onde vai haver aquela treta lá de Coimbra
– Vidal
– Confirma-se que era bem assinalado
– Uma pêra
– A realidade chilena, o corte
– Ao menos tens onde comer
– E muito bem, viste?
– Este é ferro, outro jovem
– Quem pára, pára para
– Muito jovem
– Novamente
– Pela lateral excelente
– Só se já foi
– Não!
– Eu acho que é
– Lance de perigo
– Mais um trabalho
– Mas já com alguma dificuldade
– Longa, a perder-se
– Quatro nazis
– Ouviste falar com apenas dezoito anos?
– A mota, o que eu não dava pela mota
– O que eu não dava pelo corte
– Mais uma corrida
– Isto na Feira de Maio
– COITADINHO É QUEM PRECISA
– Tudo com muita calma
– Numa zona perigosa
– Uma ilha é mesmo assim, uma ilha
– Treina-se a fala mas depois, tu sabes
– Um café
– Pareceu-me para ele na esquerda
– Dolorosa
– México, perigoso, perigosa
– Dona Rosa!
– Vamos ver
– .

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Canzoada Assaltante