03/04/2011

Ideário de Coimbra - 142


142. BILHETE


De Pombal a Coimbra, quarta-feira, 5 de Janeiro de 2011

A solidão é uma das formas de glória menos prestigiadas. À mercê de um céu plúmbeo e plumitivo, então, mais disso me convenço. Arrisquei mentalmente alguns versos hoje, caminhando pelas vias da cidade de Pombal. Ano(i)te(c)i nenhum. Estive no senhor Ilídio & D. Rosa, pastei o meu bocado, trabalhara antes alguma coisa. Procurei o comboio de retorno – e encontrei-o. Amanhece tarde e anoitece cedo, por esta época. Assim na vida também? Também, digo, mas da minha falo. Por cercanias de Vila Nova de Anços, visão dos mesmos húmidos e amplos campos que a minha Mãe lobriga (está quase cega, a Senhora) do Lar onde a depositámos terminal e terminantemente. Riscos de lápis dos amplos campos: alas-áleas-almas de árvores bebedoras de húmus. Choupanas de guardar alfaias. Galinheiros. Pássaros muito brancos de que desconheço o orninome. Beleza triste: muita beleza e muito triste. Um crepúsculo (tão cedo no dia!: 16h59m) benfeitor de pachorras melancólicas como aquela que me subjaz. Poder dormir numa dessas choupanas: um pouco de lume: uma cafeteira: um pouco de bacalhau: pão & laranjas – desejo antigo. Por momentos no mundial nó-górdio de Alfarelos, consolido esse desejo patern’ancestral. Sair agora do comboio, rumar aos campos, choupana, café, chuva na cobertura etc.
Mas o destino é Coimbra. Coimbra-B. Bê como na vida.

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Canzoada Assaltante