08/02/2011

Ideário de Coimbra - 158 - fragmento 4

(Sim, por vezes pensar parece gritar no deserto.
Outras não, outras vezes é um quase silêncio
nos claustros da alma, o corpo pelas ruas lançado
à voragem de intempéries e destemperanças.)

*

Pela boca-língua me sai a alma de que estou adentrado desde nado. Esta tarde ’inda, entre trabalhos (efémeros trabalhos, magros ofícios, pouca fé), digamos que entre as 17h22m e as 18h13m, perambulei metapsiquicamente de boca quase aberta entre quarteirões. Foi em Pombal. Muito já arrefecia o dia – e depois assim foi.
NA ENTRADA PARA OS COMBOIOS, ATENÇÃO À DISTÂNCIA ENTRE AS PORTAS E A PLATAFORMA.
Sou uma nação não confederada.
(Preciso de mudar agulhas/itinerários.)

*

(E agora, à boca-língua da Noite, como suportar a evidência da vacuidade e a vidência dos vãos cuidados? Quadriláteros de néon árvoredenataliciam a Treva Imperiosa. Sim, é também o Império da Rosa. Não longe, o Rio saliva milhas rebrilhantes. Não tão longe assim, a Serra energumeniza-se em espinhaço geológico salpicado de ervas perfumantes. São já as 18h46m. espero expectorar-me pelo crepúsculo que coroa o final do dia primo de Fevereiro.)

1 comentário:

QJ disse...

Poema, como diria o outro, do catano!
Tanto instante dentro de um poema só. A cidade e o dia em (re)união perfeita. A fugacidade na escrita; a escrita contrário da fugacidade. Um filme tecnicamente sofisticado, argumento espontâneo, coração no lugar do realizador. Daniel Cesário Verde Abrunheiro.
De muitas notas roubadas aos caos se faz a harmonia. Assim, também, a poesia.
Abraço & gratidão, Poeta Grande! QJ

Canzoada Assaltante