14/08/2023

H. EM BUSCA DELFIM - 131 (conclusão)





Riscam as andorinhas (perturbadas)
primaveras que não há senão queimadas.
Eu já tive família, já a não tenho
– de manhã cuspo forte & largo ranho.

Eu nasci pequenito, não XL:
herdei de meu Pai nome, Daniel.
Hoje, engrandeci em pequenez:
& às vezes sou, em verso, o mais soez.

Fala comigo, anda. Fala comigo, vem.
(Senhor Pai, quem se desanda? Que se desanda, ó Senhora Mãe?)
Apuro a minha caligrafia
para r-existir de noite ao novo dia.

Reli na cagadeira (gosto de ler quando cago)
um tomito de poesia-verso-livre.
Foda-se-lá-c’um-caralho, deus-me-livre!
Bardamerda a poetómanos d’um c’um carago!

Pareço nazi, não posso queimar o Kafka, a tuberculose o safa.
Pareço cristão, recebo salário de uma cristã associação.
Eu prefiro sempre a copo o teúdo da garrafa.
Eu amo as duas Filhas – & o Gato – & o Cão.

Não sou nazi, não processo o Kafka, paterAvô na Grande Tuberculose.
Eu faço de lagarta, neto & filho & gato & cão.
Mas não há quem me humilhe ou goze.
Sou de meu mesmo verso a puta-condição.





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Canzoada Assaltante