22/11/2010

IDEÁRIO DE COIMBRA - podografias de retorno – 123 - dois textos de hoje, 22 de Novembro de 2010

À varanda fumando só, ontem à noite, redescobri a Lua em circo alto nimbando nuvens de frio veludo azul.
Nas minhas costas, o Quarto vivia também só, desprovido até do nada que sou, coitado. (Coitado, o Quarto.)
Fez-me bem, mais do que sentir, confirmar a indiferença dos astros e dos panos celestes por quanto e quantos somos e por que e quem temos ou não, cá tão em baixo.
Atirei balcão fora a ponta ainda rubi e tornei-me a ser, na cama, um vivente insulso e convulso.
Perto, uma rosa seca pergaminhava-se a si mesma.
Tossi um pouco, apertei-me na placenta espúria das mantas, esperei na gare do corpo o comboio do sono.
E em lenta câmara (ardente) ele chegou e levou-me, sendo porém
proibido fumar e interdito ser.


*

Pela alma da minha Mãe
vos juro que não sei quem
é a mãe da minha alma.
O que é preciso é ter calma,
que mais perdemos a quem amamos
quão mais damos quanto não temos.

2 comentários:

fj disse...

é verdade, eu vi, ontem esteve noite de lua cheia. e depois saem coisas assim.

Daniel Abrunheiro disse...

Quê? Em Leiria também?

Canzoada Assaltante