18/10/2007

A Pública Noite Vence


© Brassaiï (Gyula Halasz)
Prostituta à esquina da Rue de la Reynie com a Rue Quincampoix,
Paris by Night, 1933.



A pública noite vence de cada um a particular humanidade
de mínimas derrotas é feita a grande vitória
inclinam-se as árvores à vencedora grande de todos
os pequenos seres que para humanos ser nasceram
não arbóreos
nem diurnos.

Vagas avenidas vãs titubeiam olhos candeeiros
arrefecem os táxis na vã espera do vago viajante
se perto o mar mais longe aparece
ao peito de quem tão longe o sente
dentro.

A minha noite é de todos
não minhas são as derrotas de cada um
embora justo seja partilhá-las quando acordo
noite alta
durante o vosso sono
acesos ainda os candeeiros nas apagadas avenidas.

Maria Ermelinda boa rapariga da hora má
um vento francês te acordeona as costelas
faz frio é certo fuma um cigarro e não
penses em mim que me venço dia ainda
se te penso.

António de Jesus bom homem das cinzas civis
casas hás-de empilhar tijolo a tijolo
uma e outra vez
ao suíço e ao francês.

E logo hoje
que é de noite
outra vez.

Caramulo, noite de 18 de Outubro de 2007

2 comentários:

Paula Sofia Luz disse...

Conheces um livro que se chama "a noite da nossa angústia?"...

Daniel Abrunheiro disse...

Eu cá não, senhora.

Canzoada Assaltante