08/02/2010

QUATRO HOMILIAS E UMA LITANIA

Souto, Casa, noite de 8 de Fevereiro de 2010

I

O meu primo Joaquim Abrunheiro tem em anexo uma cozinha com tudo de choupana: refúgio, ermida, santuário, tugúrio. Suponho as minhas horas de aqui ali com ele passadas, algumas ao menos. Que catabático vento de palavras nos tocaria o lume? Primos dextros, partilhamos à distância a fonte (o sangue) e a foz (a cinza).

II

Doroteias, clarissas, bernardos, cartuxos: tanto tão inconsolável vulto à caruja de um deus que nem chover sabe.

III

Litania da minha boca cúmplice,
poesia amadora de mortos como de vivos,
emaranhado arbusto mas límpido
a que deponho as glabras lâminas
que uso na guerra: pacíficos canivetes,
versos meus.

IV

Figuras que saem do leite para o vinho,
prolongamentos da terra e da terra cultores,
homens e mulheres de ocultos pés como flores,
escritores de sombras no país mais solar.

Animais dados à metempsicose que os migra
de pais em filhos em tudo renovados,
primaveras de pêlo e cascos outonando
os campos, perto sempre de mulheres e sombras.



V

Homilia de arúspice entranhará as prenhes.
A mim, não.

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Canzoada Assaltante