Viseu, manhã de 2 de Setembro de 2008
Bom dia, ó branco sol reiterador de matinas!Bons dias, senhores! Bons dias, meninas!
Eu quero alcando(u)rar-me à luz grácil,
que vai escuro o tempo e a vida, frágil.
Também quero ter-te dest’arte em maneira
que me pertença ser-te eu e ser teu a vida inteira.
Bom dia, ó branco sol reiterador de matinas!
Bons dias, senhores! Bons dias, meninas!
De minha prístina retina retiro o olhar-te,
em cansada e doce e humana arte.
Do rosto das casas, um olhar de janelas
te vê branca ao sol mais bela das belas.
Bom dia, ó branco sol reiterador de matinas!
Bons dias, senhores! Bons dias, meninas!
Os fatigados pés da corredora gente
refazem a rua em rua diferente.
Se um bambino chora, tal cãozito vadio,
é o inverno em setembro, é a morte do estio.
Bom dia, ó branco sol reiterador de matinas!
Bons dias, senhores! Bons dias, meninas!
Toca-me. Não me deixes sem toque,
que um coração também usa o escroque.
Mamila-me. Não me desmames nunca,
que a vida é casa, não é espelunca.
Bom dia, ó branco sol reiterador de matinas!
Bons dias, senhores! Bons dias, meninas!
Olha, ainda há andorinhas:
reticências ao sol e tão pequeninas!
Mira, ’inda agora nasci:
e fui renascer sempre que morri.
Bom dia, ó branco sol reiterador de matinas!
Bons dias, senhores! Bons dias, meninas!
A terrena palavra do torrão natal
voa e reboa, telúrica, sideral.
Belezas arbóreas, marmóreas faces:
expostas a cru aos dias rapaces.
Bom dia, ó branco sol reiterador de matinas!
Bons dias, senhores! Bons dias, meninas!
Boa noite, argêntea lua dos fados comovidos!
Boas noites, senhoras, maila seus maridos!
Estás há muito alcando(u)rado no mundo da poesia em Portugal, Daniel.
ResponderEliminarFabulosos poemas.
Beijinho
Obrigado. É muito gratificante o que dizes. Não é verdade, mas é muito gratificante.
ResponderEliminarGrande poema! Grande poeta este que aqui se dá a ler...
ResponderEliminarUm abraço!