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08/06/2006

Dez minutos

Estive ontem um pouco mais de dez minutos ao telefone com a minha filha Leonor.
Liguei à noite. Naturalmente, fez-se logo dia.
Conversei com esse meu futuro feminino, púbere de novo, inocente.
Algumas dificuldades a Francês, ela. Nada de especial.
Gostaria de poder ajudá-la no être e no avoir.
É evidente que não sou a pessoa indicada, dadas as minhas comprovadas dificuldades quanto a être. Do avoir, então, nem falo.
Ela falou-me com a impiedosa lucidez dos doze anos.
Gostei muito de falar com ela.
Eu tinha já ganho e perdido o meu dia.
Uma pessoa, em Junho, é uma pedra de luz maciça.
Não lhe disse esta frase (este verso).
Temos ambos necessidade de ir comer uma pizza ao Aniano.
Ela viaja no tempo: nasceu de leite, fez-se licor de água, anda rosa de todo.
Suspeito da sua beleza invencível, do coração forte com que nasceu para dizer ao mundo:
- Uma criança é assim que é.
Faz-se entretanto rapariga. Tem telemóvel, amigos e amigas. Aprendeu clarinete.
Tem as coisitas dela. É sacanita.
E é a minha vida.
A minha vida um pouco mais breve, cada vez que o telefone se desliga.



Caramulo, manhã de 8 de Junho de 2006

7 comentários:

  1. Gostei mutio deste texto. A habitual arte do fragmento.
    (vê o teu post de maio em que nada sabes de agricultura. Deixei lá mais sugestões)
    Costeau

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  2. bigado por publicares em directo as minhas dificuldades!
    pra alem disso, foram 11 minutos, não 10!

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  3. onze vem do latim undecim. é um numeral cardinal que representa dez unidades mais uma. é um substantivo masculino que expressa o grupo de algarismos que representa o número onze; ou seja aquilo que numa relação ou série ocupa o décimo primeiro lugar.

    Mas tu tás parvo ou quê Daniel?

    DEZ?! Que DEZ?!

    Onze!

    (Como diriam os franceses: mashquégrrandcavalgadurre)


    (Dá-lhe Leonor...)

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