O escritor italiano Italo Calvino não chegou a viver 62 anos. Teve tempo, ainda assim, para escrever livros que demonstram à sociedade e à saciedade o quão formoso pode ser o cérebro humano quando se aplica a criar formas que dotam a inteligência de beleza.
Falo de cor, sabendo na sombra que esta palavra “cor” vem dar “coração”. Livros como “Palomar”, “Marcovaldo”, “As Cidades Invisíveis”, “Seis Lições para o Próximo Milénio” e “Se Numa Noite de Inverno um Viajante”, entre alguns outros, provam que a prática e a ideia humanas não têm forçosamente de estar presas na ratoeira da imbecilidade, da avidez e da estultícia.
Porque tive a sorte de descobrir Italo Calvino numa fase da vida em que começava a perceber a necessidade de não ignorar tudo, recomendo-o aqui e agora. É, eu sei, um modo de agradecer ao formoso escritor italiano as longas e cuidadas horas que, pela mão dele, passo a encontrar-me comigo próprio: com o meu destino, o meu mapa, a minha paciência e a minha sombra.
Muito gostaria que um (um pelo menos) leitor viesse a encontrar-se consigo mesmo através de um remoto italiano que não aparece na televisão à hora dos fritos e dos tabefes nos filhos. Mania minha. Mas ele há coisas assim.
"Quando construíres um muro, pensa em quem fica do lado de fora." (Para quem tanto aprende com Italo Calvino)
ResponderEliminarS.